A Estação Cultura de Campinas – Prefeito Antônio da Costa Santos – é um edifício emblemático de 1884, de estilo gótico vitoriano, padrão inglês do século XIX e que abrigou a primeira e principal estação ferroviária de Campinas. Em 1982 foi tombado pelo Condephaat como patrimônio histórico e cultural da cidade.
Boa leitura, se inspire e assim que puder, venha visitar a Estação Cultura!
Em 2007, a Estação Cultura ficou em 1º lugar na votação popular que escolheu as 7 maravilhas de Campinas.
O edifício funcionou como estação ferroviária de Campinas até 15 de março de 2001, quando partiu o último trem de passageiros com destino a Araraquara. Em 11 de agosto de 2002, repetindo o mesmo dia e mês da primeira abertura em 1872, o local é inaugurado como centro cultural.
O espaço ainda lembra muito uma estação em funcionamento, com os trilhos, os vagões, o relógio, os bancos e as plataformas de embarque e desembarque. O bar e a barbearia continuam funcionando como antes.
A linha férrea continua servindo de passagem para trens de carga.
A estação é administrada pela Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Campinas e é destinada a diversos tipos de eventos, como: shows, exposições, espetáculos, feiras gastronômicas e atividades educativas.
Em 1840, a então Vila de São Carlos começou a substituir a produção da cana de açúcar pela cultura do café. Em 1842 foi elevada à categoria de cidade, recebendo o nome de Campinas.
Com o auge da cultura cafeeira na região, surgiu a necessidade da construção de uma ferrovia que escoasse a produção do interior do estado até o porto de Santos.
A Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi criada em 30 de janeiro de 1868 em uma sessão na Câmara Municipal de Campinas, presidida pelo então conselheiro e presidente da Província Paulista, Saldanha Marinho. Foram emitidos 25.000 títulos de ações e tiveram como primeiros subscritores fundos vindos de São Paulo e outros fundos de capitalistas e lavradores de Campinas.
Na ocasião, a Câmara ocupava o mesmo edifício da cadeia pública, situada no espaço onde hoje se encontra a estátua de Carlos Gomes.
A construção da ferrovia se iniciou em 1870 e dois anos mais tarde, em 11 de agosto de 1872 (daí o nome da rua próxima à estação) foi inaugurado o percurso de 45 quilômetros da linha férrea da Companhia Paulista, de Campinas à Jundiaí, reforçando ainda mais a posição de Campinas como grande centro produtor e logístico do café.
De acordo com Nestor Goulart Reis, em sua obra “Estação Cultura. Patrimônio ferroviário do povo de Campinas”, as características do edifício da primeira estação, foram registradas em dois desenhos feitos a bico de pena pelo viajante Jules Martim e que representam a festa de inauguração da ferrovia Campinas-Jundiaí.
O edifício possuía um corpo central térreo e dois blocos laterais com sobrados e consta que as paredes do edifício estavam construídas em taipa de pilão.
De acordo com o inspetor geral no Relatório da Directoria da Companhia Paulista, apresentado na Sessão de Assembléia Geral de 29 de agosto de 1880: “O edifício de passageiros em Campinas tem rachado por causa dos formigueiros antigos que se encontram no pátio e debaixo da estação.”
De acordo com notícia publicada no jornal A Província de S. Paulo de 18/01/1883, o prédio da estação de Campinas começava a ruir devido à má construção e ao aparecimento de fendas, obrigando os responsáveis a desalojar o edifício pelo risco iminente de desmoronamento e para preservar a integridade dos trabalhadores.
Outra nota no jornal A Província de S. Paulo de 31/05/1883, informa o início da demolição das partes afetadas e a reforma completa da estação.
Segundo a Professora Ana Villanueva Rodrigues em sua dissertação de mestrado de 1997: “As estações ferroviárias, no século XIX eram construções de muita importância além de sua funcionalidade e demonstravam uma determinada “imagem” da cidade, pois sendo local de “chegada”, deveriam ser também o seu “cartão-postal”. Campinas não aceitou ter uma estação modesta como foi construída inicialmente. Desejara sim ter um “monumento arquitetônico”. Portanto, em menos de 12 anos, se reconstruiu a Estação da Cia. Paulista ostentando a riqueza da cidade e da companhia férrea.”
Em 1884 foi concluída a construção do novo edifício, que nessa primeira fase contava apenas com um corpo lateral de dois pavimentos, além do corpo central com a torre do relógio anexa e um avarandado na outra lateral.
Os anos seguintes à inauguração da estação ferroviária, foram de um rápido crescimento econômico, social e urbano.
O núcleo urbano da cidade se expandiu entre a Estação e a Matriz Nova (atual Catedral N. Sra. da Conceição) tendo as ruas 13 de Maio e Costa Aguiar, como principais pontos de ligação.
Aos arredores da Estação Ferroviária construíram-se edifícios comerciais, indústrias, hospitais, hotéis, entre outros.
Até 1910, o edifício teve algumas etapas de ampliação e reforma menos significativas. Entre 1910 e 1915, acontecem as reformas denominadas no processo do Condephaat como segunda fase. Na ala oeste do edifício foi construído um segundo corpo de dois pavimentos, além da instalação da cobertura da entrada principal com estrutura metálica.
Através de fotos da época, conseguimos também observar a inclusão de outro corpo de um pavimento anexo ao prédio original, edificado na mesma época, porém sem respeitar o mesmo estilo arquitetônico, mais tarde usado como sala de bagagens.
A eletrificação da linha férrea, inaugurada em 1922, marcou também o início da terceira fase construtiva.
As ampliações mais significativas dessa etapa foram a construção dos segundos pavimentos da ala leste e da extremidade oeste. A gare original teve a sua altura ampliada devido à eletrificação e as telhas francesas foram substituídas por estruturas e coberturas metálicas.
Entre as décadas de 30 e 50, é possível apreciar pequenas alterações na fachada, como por exemplo a substituição de algumas janelas antigas de madeira por caixilhos de ferro.
A estação ferroviária foi ponto de partida dos soldados constitucionalistas que seguiam para os campos de batalha na Revolução de 1932.
As reformas posteriores foram marcadas pelo cuidado com a parte externa, onde se buscou seguir o estilo do edifício original, quanto às ampliações e acabamentos como: frisos, ornatos e relevos.
A parte interna da estação não teve a mesma sorte. No decorrer dos anos, inúmeras reformas aconteceram, modificando o espaço interno, de acordo com as necessidades de cada época, adicionando ou retirando paredes, o que descaracterizou totalmente o desenho original.
O edifício da Estação Cultura é um dos maiores patrimônios históricos da cidade e digno do primeiro lugar no ranking das maravilhas de Campinas, mas atualmente necessita de um cuidadoso trabalho de manutenção e conservação.
Em 2024 se deu início à concessão das novas linhas ferroviárias que ligarão Campinas à capital, com previsão para começar a funcionar em 2031 e que transportam uma média de 550 mil pessoas por dia.
Esse novo projeto nos gerou algumas perguntas ainda sem resposta quanto ao futuro da utilização do edifício: a nova estação será construída no mesmo lugar, aproveitando o edifício histórico, como já acontece em outras cidades do mundo? O centro cultural continuará existindo após a instalação da nova estação de passageiros? Assim que descobrirmos, atualizaremos aqui.
Ferromodelismo
Na antiga Cabine 2 da estação se encontra a AMFEC ( Associação de Modelismo Ferroviário de Campinas) foi fundada em 10 de maio de 2007 e reúne aficionados em modelismo empenhados na preservação da história, mostrando como as ferrovias foram importantes para o desenvolvimento da nossa região e do país.
A Cabine 2 foi construída por volta de 1922, para controlar os desvios no pátio da Estação, depois da eletrificação da linha.
A maquete possui escala HO (1:87), com mais de 300 metros de trilhos, distribuídos em 2 linhas principais e 4 pátios de manobras controlados digitalmente.
Aberto ao público aos sábados, das 8h30 às 15h.
Mais informações: amfec.com.br
Sala dos Toninhos
A Sala dos Toninhos é um espaço intercultural com agenda permanente. O nome é homenagem ao escravizado que ouviu o boi falar e ao ex-prefeito “Toninho”, que transformou a antiga estação de trem em espaço cultural.
Por volta de 2012, coletivos e grupos culturais de Campinas se uniram para reivindicar a ocupação de um dos barracões ociosos da Estação Cultura. Esse novo grupo juntamente com o poder público foram responsáveis pela reforma e adequação do espaço e pela atual gestão compartilhada.
Mais informações e programação no instagram: @saladostoninhos
Barbearia
O Salão Internacional está instalado no local desde 1968 sob o comando de Luiz da Conceição, que vivenciou o auge do transporte ferroviário de passageiros e resiste até os dias de hoje oferecendo cortes de cabelo unissex. Quantas histórias pra contar não terá o Seu Luiz. Mais informações: (19) 3236-5982
Bar
Localizado no saguão de entrada, o Bar da Estação funciona há mais de 50 anos no local, desde os áureos tempos da ferrovia. Aberto de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h, vende salgados e bebidas. Em noites de eventos, funciona até mais tarde e também abre aos sábados e domingos dependendo da programação cultural.
Vagão de Bonecos
O Vagão dos Bonecos é um antigo vagão de trem, que funciona como um espaço para apresentações e oficinas de teatro de bonecos mamulengos, coordenado pelo conhecido mamulengueiro campineiro Sebastian Marques. Consultar Programação.
Todos os dias de 08h às 22h.
Praça Mal. Floriano Peixoto – Centro, Campinas – SP, 13010-061
Estacionamento gratuito com acesso pela Rua Francisco Teodoro, 1050, Vila Industrial.
Instagram: @estacaoculturacampinas
Entrada gratuita.
contato@museuvirtualcampinas.com.br