A Catedral Metropolitana de Campinas é um símbolo religioso que também se mistura com a história de Campinas. A sua construção se iniciou em 1807 e foi inaugurada somente em 8 de dezembro de 1883 para ser a nova matriz da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Possui 4 mil m2 e é considerada a maior construção do mundo em taipa de pilão.
Tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), a Catedral de Campinas recebe uma média de 3.000 pessoas diariamente, vindos desde os bairros mais afastados e até de outras cidades, interessados nos serviços religiosos e sociais da paróquia e também no seu valor arquitetônico, artístico e histórico.
Boa leitura, se inspire e assim que puder, venha visitar a Catedral Metropolitana de Campinas!
A Catedral Metropolitana de Campinas ficou em 2º lugar na votação popular que escolheu as 7 maravilhas de Campinas, realizada em 2007.
Três igrejas serviram como matriz da cidade, antes da construção da Matriz Nova:
A primeira matriz foi uma capela improvisada construída com estrutura de madeira e cobertura de sapê, erigida para celebrar a primeira missa, permitindo juridicamente que o até então bairro rural pertencente a Jundiaí se convertesse na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso em 14 de julho de 1774 (data em que hoje se comemora o aniversário da cidade). Antes, os fiéis tinham que ir até Jundiaí e outras localidades para assistir a missa.
Essa primeira capela se situava onde hoje está o monumento-túmulo de Carlos Gomes na Praça Antônio Pompeu, ao lado do marco zero da cidade, ponto desde onde se iniciou o desenvolvimento urbano do povoado.
A segunda igreja que serviu como matriz, conhecida como Matriz Velha, foi construída por Francisco Barreto Leme e inaugurada em 1781 no lugar onde atualmente se situa a Basílica do Carmo, exercendo essa função até 1870.
Como a Matriz Velha encontrava-se em condições precárias e a Matriz Nova ainda estava em construção, a paróquia Nossa Senhora da Conceição ocupou a Igreja Nossa Senhora do Rosário de forma provisória, que serviu como matriz durante 13 anos até 1883.
No início do século XIX, como forma de ostentar o progresso político e econômico da Vila de São Carlos, baseado principalmente na produção de cana-de-açúcar, os donos de engenho decidiram simbolizar esse novo tempo de riqueza e “independência” de Jundiaí através de uma obra arquitetônica de proporções grandiosas, para ser um templo religioso.
A Matriz Velha, mesmo pequena, acomodava bem as demandas religiosas e sociais da época, que recebia fiéis somente em datas comemorativas e feriados.
Foi sugerida uma reforma para modernizar o espaço, até então com piso de barro socado e teto sem forro, porém aquele templo modesto, próximo à cadeia pública e ao pelourinho, já não representava os anseios daquela nova sociedade.
A ideia do novo templo foi finalmente formalizada em 1807, na assinatura do primeiro documento chamado “Auto de Obrigação” que previa a construção e o local da Matriz Nova, que seria edificada em uma área ainda de mata fora do primeiro núcleo urbano e também uma contribuição voluntária anual, calculada sobre os ganhos obtidos.
Com as primeiras contribuições recolhidas no final de 1808, as obras se iniciaram em 1809, tendo como primeiro administrador o capitão Felipe Nery Teixeira.
O início da construção da Matriz Nova consistiu em levantar as paredes principais da igreja, utilizando o método da taipa de pilão, a técnica mais difundida na época.
A taipa de pilão é uma técnica milenar para construção de paredes, que consiste em comprimir terra, cal e cascalho em fôrmas de madeira com a ajuda de um pilão. Uma proporção aproximada para calcular a espessura final da parede são 10 cm de largura para cada 1 m de altura.
A taipa de pilão, porém, era vulnerável à chuvas fortes ou constantes, sendo necessário o revestimento com uma mistura de cal, cimento e pedras para uma proteção mais eficiente. A dificuldade de conseguir essas matérias-primas também foram um obstáculo para o avanço das obras.
A fase do empilhamento da taipa de pilão durou 37 anos, sendo concluída em 1946, quando finalmente a capela-mor, a sacristia e a nave central puderam receber a cobertura de telhas.
Devido a dificuldade de encontrar mão de obra na cidade, nessa etapa foi utilizada mão-de-obra escrava cedida pelos fazendeiros da época.
Com a falta de estrutura no início do século XIX, como era possível acessar a parte alta das paredes na fase de empilhamento das taipas?
A resposta encontra-se oculta em um dos pilares do altar da Catedral, uma escada estreita construída pelos trabalhadores durante essa primeira etapa.
O processo lento na construção da Matriz Nova se deve a vários fatores, como: as contribuições eram voluntárias, a falta de punição prevista para os inadimplentes, guerras, epidemias, além da falta de mão de obra especializada e dificuldade de acesso à materiais básicos para a construção.
Em 09 de março de 1854, a Assembléia Legislativa Provincial de São Paulo, decreta a lei nº 3, proposta pela câmara municipal da cidade de Campinas, impondo o pagamento de um imposto com a finalidade de acelerar e terminar a construção.
Mesmo com essa imposição, havia dificuldade em cobrar o valor correto do imposto devido a falta de transparência sobre os ganhos obtidos. Outro fator que gerou muita polêmica é que contribuintes de outras religiões se negavam a pagar o tributo.
A Cia. Mogiana de Estradas de Ferro exerceu um papel fundamental na etapa final da construção da Matriz Nova.
A ferrovia facilitou o acesso às matérias-primas que tanto necessitava, inclusive dedicando um portão exclusivo para descarga dos materiais.
E também foi de suma importância na cobrança dos impostos da Matriz Nova através do pagamento das guias de recolhimento pelos produtores de café e outros insumos no ato do carregamento para o transporte. Não tinham mais como fugir.
Em 1862, o então recém-empossado mestre de obras Antônio Carlos Sampaio Peixoto, mais conhecido como Sampainho, mesmo sem ser um especialista engenheiro ou arquiteto, assumiu a missão de adequar a primeira fachada à estrutura de taipa de pilão.
Campinas vivia um momento de grande progresso e queria representar isso na fachada da Matriz Nova, porém ainda existia dificuldade de encontrar e transportar matéria-prima adequada, como as pedras de cantaria, imprescindíveis para uma boa fundação e alicerces.
Igualmente, na contramão de outras empreitadas na província de São Paulo da época, que preferiam estruturas mais modestas, o projeto da primeira fachada da Matriz Nova, de autoria e desenho desconhecido, sabe-se que não tinha nada de clássico; era moderna, arrojada e possuía a ideia de duas torres. Porém, após um desmoronamento da construção com vítimas fatais, o projeto foi abandonado.
Para a segunda fachada, Sampainho foi buscar a solução no Rio de Janeiro, onde encontrou o arquiteto Francisco Bethencourt da Silva e em novembro de 1865 se iniciaram as obras de um projeto de aparência desconhecida. No entanto, logo em janeiro de 1866 as fundações e alicerces não suportaram o peso da fachada em construção e um novo desastre com vítimas fatais ocorreu, deixando cinco operários soterrados.
O projeto da terceira fachada, do qual também se sabe muito pouco, foi realizado pelo engenheiro português Manuel Gonçalves da Silva Cantarino. A única pista sobre como seria essa fachada foi encontrada em um recibo de materiais da obra, onde o arquiteto comenta sobre colunas dóricas, coríntias e acabamentos em mármore, que ajudam a intuir que era de estilo clássico.
Por vários motivos, a obra ficou parada e depois substituída por um novo projeto.
O projeto da quarta tentativa de fachada é de autoria do espanhol José Maria Villaronga, o primeiro dos arquitetos da Matriz a trabalhar com um contrato.
As obras da fachada de Villaronga se iniciaram no final de 1872. Sobre o estilo, apesar do arquiteto se referir a ele como gótico, desse estilo possuía somente as torres, os pináculos e os itens decorativos; o resto dos elementos correspondiam ao estilo clássico. Por isso acabou sendo reconhecida pelo termo “falso gótico”.
Com a fachada já avançada, na altura dos arcos das janelas, começa novamente a apresentar problemas estruturais de alicerce e fundação, provocando rachaduras e fazendo com que as laterais pendessem para os casarões à volta da Matriz, com risco iminente de acontecer outro acidente.
O problema não estava no trabalho de Villaronga, como comprovado posteriormente em laudos detalhados realizados por outros engenheiros, e sim nas fundações e alicerces das gestões anteriores.
Assim sendo, ele foi recontratado para dar continuidade às obras, que consistia em demolir o que havia sido construído até então, refazer os alicerces, para logo reconstruir a fachada que havia sido planejada.
Porém, com mudanças políticas na Câmara de Campinas, o diretório de obras da Matriz foi dissolvido de forma ilegal, o contrato de Villaronga rescindido da mesma forma e seu projeto de fachada abandonado.
O italiano Cristóforo Bonini (depois “aportuguesado” para Cristóvão Bonini) foi o responsável pelo projeto da quinta e definitiva fachada da Matriz Nova, porém vários fatores retardaram o início das obras.
Não foi permitido o início do trabalho de Bonini até que o processo de Villaronga contra a Câmera fosse deliberado. O resultado saiu favorável ao anterior arquiteto e com ele o pagamento do valor estipulado em contrato, desfalcando consideravelmente o caixa.
Outro fator foi o impasse com relação ao imposto obrigatório para a construção da Matriz, com parte da população descontente com a interferência política na administração das obras e com pessoas de outras religiões não dispostas a contribuir para a construção de um templo católico. Mesmo com toda a discussão, mais tarde, o imposto continuou sendo obrigatório para todos.
Por último, mesmo não estando previsto no estatuto do diretório de obras, um valor considerável do caixa proveniente dos impostos arrecadados, foi aplicado no Banco Mauá, que em 1875 veio a pedir falência, bloqueando assim o valor de mais de 70 contos de réis, além dos juros.
Por fim, em 11 de novembro de 1876 se iniciaram as obras.
Bonini, durante a fase de demolição, comprovou que a causa do fracasso de todos os projetos anteriores foi a falta de alicerces e fundação adequados. Além disso, desmistificou também uma crença que durou anos de que o terreno era impróprio para construir.
O projeto do engenheiro Bonini seguia o estilo clássico das igrejas italianas, com três pavimentos equilibrados geometricamente, áticos com estátuas de evangelista e detalhes decorativos que lembravam inclusive a Basílica de São Pedro em Roma.
Outra sacada do engenheiro italiano foi levantar sua fachada com uma certa distância das paredes de taipa, o que também ajudou a garantir o sucesso de sua empreitada.
Apesar de encontrar dificuldades com a demora na compra e no transporte dos materiais necessários para a construção, Bonini conseguiu avançar o seu projeto até quase terminar a fachada em 1878, quando por motivos políticos, foi desligado de suas funções.
Francisco de Paula Ramos de Azevedo foi um engenheiro-arquiteto e professor nascido em São Paulo e formado na Bélgica. Iniciou os trabalhos na Matriz Nova em dezembro de 1879 e foi o responsável por finalizar a fachada praticamente terminada de Bonini.
Porém, além da fachada em si, restava ainda muito trabalho no exterior e interior a serem executados e concluídos até a inauguração. Entre eles, os itens decorativos da fachada, a construção da escada exterior, as escadas interiores comunicando salas e pavimentos, a compra e instalação dos lustres, a compra e instalação do órgão, entre outros detalhes.
Próspero Bellinfanti, imigrante italiano residente em Campinas desde 1870, era dono de uma oficina de funilaria-caldeiraria e jogou um papel importante na continuidade das obras, intermediando a relação de Ramos de Azevedo com os operários italianos insatisfeitos com a demissão de Cristóforo Bonini.
Ramos de Azevedo também foi o autor da fachada dos fundos da igreja, até então sem projeto.
Finalmente a Matriz Nova de Campinas foi inaugurada em 8 de dezembro de 1883, dia de Nossa Senhora da Conceição e dia do aniversário de Ramos de Azevedo.
A orientação da fachada da Matriz Nova de Campinas tem uma explicação, que era ser avistada por quem passava na Estrada dos Goiases, no trecho que hoje corresponde a Rua Cel. Quirino. Essa estrada era uma rota de penetração bandeirista aberta em 1722, que vinha de São Paulo e seguia para as minas de ouro de Goiás e Mato Grosso. A própria cidade acabou nascendo como uma parada desses viajantes.
Quatro entalhadores foram responsáveis pelo conjunto de talhas no interior da Catedral.
O primeiro entalhador, Vitoriano dos Anjos Figueroa, foi indicado por Antônio Francisco Guimarães, o “Baía” e segundo relatos, chegou a Campinas já em idade avançada, com mais de 80 anos.
Vitoriano era conhecido como “professor de entalhe” e trouxe com ele um grupo de entalhadores baianos para lhe auxiliar e mais tarde também formou um corpo de aprendizes locais, entre eles Antônio Dias Leite, José Antunes de Assunção e Laudíssimo Adolfo Melo.
Sua oficina ficava na rua 13 de maio, próximo à Matriz Nova. A etapa de Vitoriano durou até 1862, quando estavam concluídos: o altar-mor, tribunas, dois púlpitos, varanda para o coro, paravento e algumas colunas destinadas à Capela do Santíssimo, no estilo rococó tardio.
Não existem comprovações documentadas sobre os motivos de Vitoriano dos Anjos ter sido dispensado, mas muitas fontes acreditam ter sido divergências e conflitos de ego com Sampainho, quando assumiu como novo responsável do Diretório de Obras da Matriz em 1862.
O impasse durou até 1864. Durante esse tempo, Sampainho declarou à Câmara de Campinas, que se o entalhador continuasse nas obras, ele renunciaria ao cargo. Apesar dos esforços do “Baía”, responsável por trazer Vitoriano e ainda responsável por uma parte das obras, a influência de Sampainho acabou vencendo.
Sem emprego e sem receber todos os pagamentos pelos serviços prestados, Vitoriano dos Anjos, apesar de ter ministrado aulas de entalhe e ter feito alguns móveis sob encomenda, caiu em decadência, morrendo na miséria aos 106 de idade.
Apesar do grande artista que foi, o seu trabalho acabou esquecido, sem o devido reconhecimento por quase 100 anos até 1974, quando o jornal Diário do Povo publicou uma série de reportagens sobre a história da Catedral, de autoria de Jolumá Britto.
O entalhador Bernardino de Sena Reis e Almeida deu continuidade ao trabalho iniciado por Vitoriano e foi o responsável pela talha dos altares laterais, colaterais, capelas, entre outros ornamentos.
O início do seu trabalho se deu em meio a um período turbulento devido aos impasses entre as irmandades e os diferentes patrocinadores dos altares, quanto à localização e à qual veneração seriam destinados.
Essa era uma situação nova, já que na fase de Vitoriano não haviam patrocinadores; os trabalhos eram pagos pelo Diretório e pela Câmara, sem gerar tais discussões.
A pedido de seus contratantes, Bernardino tinha a missão de manter uma unidade visual com o trabalho de seu antecessor. Ainda que para um leigo, não existam diferenças muito perceptíveis, ele acaba incorporando elementos barrocos, como anjos, palmas, flores e frutas.
Após a entrega de Bernardino, passaram-se 14 anos até acontecerem novos trabalhos de talha na Matriz.
O aumento da imigração europeia no Brasil acaba contribuindo para mudar o perfil dos entalhadores contratados nas fases subsequentes.
Raffaello de Rosa nasceu em Nápoles e sua obra foi identificada através de comparação iconográfica e por ser citado nos relatórios de Ramos de Azevedo.
Ele foi responsável pela ornamentação de todo o conjunto do coro (exceto a grade da varanda, que é de Vitoriano), do florão sobre a entrada principal, de ornamentos na caixa do relógio e dos anjos sobre os altares colaterais direito e esquerdo.
Raffaello de Rosa foi importante, terminando o trabalho de talha para finalmente, após 74 anos, a Matriz Nova de Campinas pudesse ser inaugurada.
O escultor italiano Marino del Favero nasceu em San Vito di Cadore, província de Belluno e era formado na academia veneziana, originário de uma família de renomados escultores.
Imigrou para o Brasil em 1893 com 29 anos. Mais tarde, já tendo desenvolvido trabalhos em igrejas de São Paulo e Minas, chega à Campinas em 1908 a convite do primeiro bispo de Campinas, Dom Nery, para construir um altar para a Capela do Santíssimo Sacramento, seguindo o estilo dos outros altares que já existiam.
A Capela do Santíssimo Sacramento foi inaugurada em 16 de março de 1910.
Del Favero, antes mesmo de iniciar o projeto da Capela, realiza o seu primeiro trabalho, a cátedra episcopal para a posse de Dom Nery, momento em que a Matriz se torna Catedral.
Sem documentação que atribuísse a cátedra a Marino Del Favero, se chegou a essa conclusão pelas características da obra semelhantes à Capela do Santíssimo e pela época em que foi realizada.
O primeiro sino da Matriz Nova foi doado em 1847 pelo português residente em Campinas Antônio Francisco Guimarães, o “Baía”. Esse sino de três toneladas de aço foi fabricado pelo fundidor de sinos Henrique Henrichsen na cidade de São Paulo e recebeu o apelido de seu doador.
Em 1847 a Matriz Nova ainda estava em construção e a paróquia ocupava de forma provisória a Igreja do Rosário.
Quando a paróquia voltou para a Matriz Velha, a Irmandade do Santíssimo, da qual Baía fazia parte, pediu para que o sino fosse colocado em uma das janelas.
Como não seria suportado pelas paredes de taipa, foi construída uma estrutura de madeira na frente da igreja onde foi instalado.
No início o sino ficou sujeito às regras do próprio doador limitando as badaladas somente à morte de membros da irmandade, procissão de Corpus Christi ou saídas do Santíssimo.
Com o aval do engenheiro Cantarino, o sino “Baía” finalmente foi instalado na Matriz Nova em 1872 e badala diariamente acionado pelo mecanismo do relógio até os dias de hoje.
Esse é o sino que se vê desde o exterior na parte frontal da Catedral, situado na torre do terceiro pavimento, fundido em aço pela empresa carioca Claudino Gonçalves Coelho & Irmão, escolhido por Ramos de Azevedo e instalados em 1880.
3 sinos do fabricante Claudino Gonçalves Coelho & Irmão, compõe um carrilhão no terceiro pavimento.
Situado no segundo pavimento, o relógio do fabricante italiano Gondalo & Cia foi encomendado por Cristóvão Bonini e instalado em 1880. Com as devidas manutenções, funciona perfeitamente até os dias de hoje.
O órgão Cavaillé-Coll de 702 tubos da Catedral, foi construído pelo francês Aristide Cavaillé-Coll, considerado o mais importante mestre construtor de órgãos da época e responsável pelos órgãos de catedrais importantes da França, como a de Notre Dame.
Os órgãos franceses, até então de estilo barroco, começam a dar lugar a outros estilos, como o neogótico da moldura que envolve os tubos do órgão da Catedral de Campinas.
Ramos de Azevedo encomendou o órgão e foi o responsável por abrir um espaço em forma de arco para que o organeiro Antônio Pastore concluísse sua instalação em novembro de 1893.
Após a inauguração da Matriz Nova, por falta de partituras e instrumentistas capacitados para tocar, o órgão ficou um tempo sem uso, gerando bastante insatisfação popular.
É o maior Cavaillé-Coll do estado de São Paulo com 14 registros, 2 teclados e uma pedaleira. O maior do Brasil e da América Latina é de 1882 e está na Catedral de Belém do Pará.
O restauro do órgão Cavaillé-Coll da Catedral de Campinas durou aproximadamente quatro meses e foi realizado pelo Sr. George Jann, um mestre organeiro alemão residente no sul do país.
Após quase 30 anos de silêncio, foi reinaugurado no dia 17 de agosto de 2018 e voltou a preencher a acústica da Catedral com o seu som orgânico e imponente.
Durante a visita guiada na Catedral, tivemos a oportunidade de aprender mais sobre essa relíquia com a organista titular Ana Carolina Sacco.
É possível vivenciar essa experiência de ouvir o órgão Cavaillé-Coll juntamente com o coro na Missa dos domingos às 9h30 e em celebrações e concertos especiais.
Após a conclusão definitiva da fachada, entre 1879 e 1880, o escultor Raffaello de Rosa foi o responsável pelos ornamentos arquitetônicos como os capitéis e ornatos na parte exterior.
Antes feitos de forma artesanal, nessa época já eram introduzidos novos métodos, sendo fabricados de forma industrial através de moldes.
Esses ornamentos ajudam a contar a história arquitetônica e industrial da época.
Na primeira visita do Imperador D. Pedro II a cidade de Campinas em 1846 a Matriz Nova ainda se encontrava em construção. Porém na segunda visita em 1886, foi batizado na recém inaugurada Matriz Nova Pedro Humberto Bellinfanti, filho de Próspero Bellinfanti, tendo como padrinhos o Imperador e sua esposa, a Imperatriz Thereza Christina.
A palavra catedral vem da palavra cátedra (em latim cathedra), que significa cadeira e também é sinônimo de trono.
Segundo a hierarquia eclesiástica, para uma igreja se tornar catedral, ela precisa de uma cátedra ou trono episcopal para acomodar o bispo da Diocese.
No dia 7 de junho de 1908, a Matriz Nova foi elevada à Catedral, com a criação do Bispado de Campinas e a posse de Dom João Batista Corrêa Nery como o primeiro bispo.
Olhando para o altar principal, na lateral esquerda próxima ao altar-mor de Vitoriano dos Anjos, encontra-se a cátedra juntamente com uma cobertura acortinada e também decorada com entalhes, chamada baldaquino.
O trono episcopal da Catedral de Campinas possui estilo barroco veneziano e é atribuído ao escultor italiano Marino Del Favero, responsável também pela Capela do Santíssimo.
Outra adequação imprescindível para ser uma Catedral, era a construção de uma cripta onde os bispos seriam enterrados. Confira mais detalhes sobre a cripta logo abaixo.
Em 1923 aconteceu uma grande reforma impulsionada por Dom Francisco de Campos Barreto e conduzida pelo engenheiro Adelardo Soares Caiuby. Essa etapa também é considerada como a conclusão definitiva da Catedral.
As principais intervenções dessa reforma foram:
A cripta da Catedral Metropolitana de Campinas é um espaço subterrâneo sob o altar-mor onde estão sepultados importantes bispos do clero campineiro.
A escada de acesso se encontra logo atrás da mesa de comunhão do altar principal e muitas vezes passa despercebida pelos frequentadores.
O projeto de 24 m2 foi idealizado por Dom Francisco de Campos Barreto, que defendia a cripta como um elemento imprescindível além da cátedra, para a elevação à Catedral.
A ideia inicialmente era seguir o estilo da decoração interna em madeira entalhada e chegou a ser desenhada assim, porém além do custo mais alto, havia uma mudança de tendências na época.
Ao final, a execução foi feita em mármore carrara italiano, que transmitia elegância e modernidade com linhas mais limpas e geométricas.
Dom Barreto enfrentou a escassez de recursos financeiros e a oposição dos barões da época, mas com perseverança conseguiu levar o seu projeto adiante e em 1º de fevereiro de 1923 a cripta foi concluída.
No seu interior, nove carneiras de mármore guardam os bispos sepultados, com suas tampas gravadas com nomes e informações. São eles:
Dom João Batista Corrêa Neri (1863-1920), Dom Joaquim José Vieira (1836-1917), Dom Francisco de Campos Barreto (1877-1941), Dom Joaquim Mamede da Silva Leite (1876-1947), Dom Paulo de Tarso Campos (1895-1958), Dom Antônio Maria Alves de Siqueira (1906-1993) e Dom Bruno Gamberini (1950-2011).
Em 1966, Dom Barreto foi transferido para o Mausoléu da Casa Geral das Missionárias de Jesus Crucificado, ordem co-fundada por ele, porém sua carneira continua na cripta.
Os vitrais do para-vento da entrada são de vidro colorido da Casa Conrado. Neles está representada a cronologia da vida de Maria Santíssima: o nascimento, o casamento, o anúncio do anjo e uma representação que dizem ser única da Catedral de Campinas, que é Maria já idosa. Por último, no vitral do arco superior, é retratado a sua ascensão aos céus.
Os vitrais da luneta e zimbório também são da Casa Conrado e assim como os vitrais do para-vento, foram encomendados por Adelardo Caiuby. O desenho desses vitrais harmonizam com o altar-mor de Vitoriano dos Anjos.
As estátuas dos 6 dos discípulos são de 1914 a 1916 e foram encomendadas por D. Nery ao escultor italiano Agostino Balmes Odísio.
Medem 4 m de altura e são de terracota revestida de cimento.
As estátuas foram instaladas de forma gradual nessa ordem:
As 4 estátuas dos anjos anunciadores estão feitas de terracota com cimento revestido, medem 4 m e são de autoria de José Rosada.
A estátua da cúpula representa Nossa Senhora da Conceição, também de autoria de José Rosada e foi colocada após a elevação da cúpula, uma das intervenções da reforma de 1923.
A cor original da matriz nova de 1883 é o amarelo ocre, porém na reforma de 1923, foi toda pintada de branco ficou assim durante 92 anos, quando em 2015 recuperou a cor amarelo ocre na restauração a partir de 2012.
A primeira fase foi mais de reparos emergenciais que propriamente de restauração, como o combate às infiltrações trocando o telhado do templo, intervenções na parte elétrica e hidráulica, restauração do teto e dos lustres da nave central.
A segunda fase foi marcada pela restauração da fachada principal, que recuperou a sua cor original, o amarelo ocre, depois de 92 anos pintada de branco.
Chegar na cor original foi um desafio para a equipe do arquiteto Ricardo Leite, que entre outras fontes, investigou as capas de pintura que ficaram visíveis em alguns pontos com a pintura branca desgastada, onde é possível ainda ver o amarelo ocre original.
Toda a argamassa da fachada foi refeita, as estátuas dos anjos do apocalipse e dos evangelistas foram restauradas.
Os azulejos da torre da igreja que estavam danificados foram substituídos por outros fabricados com a mesma técnica das peças originais.
Os mecanismos que acionam os sinos foram revisados e os terraços do campanário também foram recuperados.
Em 2016, foram restauradas as escamas da parte externa da cúpula, a estátua de Nossa Senhora Conceição, o elevado de base foi pintado com o amarelo ocre e os vitrais também foram restaurados.
O conjunto artístico cátedra e baldaquino foi restaurado entre 2018 e 2019 conjunto cátedra e baldaquino consistiu em: tratamento da madeira com remoção de vernizes e outras antigas aplicações inadequadas, higienização, recomposição de pequenas partes quebradas, descupinização, reparos nas estruturas da base, das molas e troca do estofamento do assento e do espaldar.
Horário de funcionamento ao público: de seg. a dom. das 7h às 19h
Horário das Missas: de segunda-feira a sexta-feira às 7h, 12h15, 15h30 e 18h15; no sábado às 7h, 9h30, 12h15 e 18h30; e no Domingo às 7h30, 9h30, 11h30 e 17h.
Visita guiada todo primeiro sábado do mês. Para mais informações e confirmação, acesse: https://catedraldecampinas.com.br/inscricao-visita/
Bibliografia e referências
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